sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Dia Mundial da Gentileza


Gentileza, bondade ou qualquer outro valor dentro desta categoria deveria ser tão natural que não necessitasse de ser relembrado, nem implicar esforço.

Ter um gesto de gentileza é tão simples, no entanto parece que andamos a amealhá-los e a guardá-los para ocasiões “especiais”… e que ocasiões são essas, se não o momento presente?

Há uma sensação de estranheza, de desconforto, de embaraço na oferta de gestos de delicadeza e gentileza a desconhecidos ou pessoas que não nos sejam tão chegadas pois há o cultivo da desconfiança, uma instigação do medo e da necessidade de proteção como se a qualquer momento pudéssemos ser atacados.

Quando se trata daqueles que nos são mais próximos, a justificação já é outra. Achamos que não é preciso, afinal não vão a lado nenhum… (será?) Ou alimentamos a crença que se tratarmos demasiado bem vamos “estragar”  ou vai abusar e “portar-se mal” ou tornar-se muito exigente. Mais uma vez estamos a confundir acarinhar com permitir abuso, amar com dar licença para cobrança, dar com consentir exigência…etc

Mas não será que estamos só a arranjar desculpas para não colocarmos atenção nos outros porque desenvolvemos um individualismo e uma falsa independência em que nos privamos das necessidades mais básicas de carinho, ternura, cuidado, atenção porque priorizamos outros valores, dedicando-lhes o nosso tempo. E, no entanto, se fizermos uma avaliação, concluímos que não nos trazem nada de significativo, só valor material que rapidamente se torna obsoleto ou uma sobrecarga ou estatuto que de tão efémero até parece fantasia (e é!) Prazeres transitórios e vazios de calor!

E se hoje em vez de olharmos superficialmente, víssemos verdadeiramente o outro. E se procurássemos sentir como podemos contribuir com um pequeno gesto de gentileza ou bondade. Uma palavra, um pouco de atenção, de escuta ativa, um abraço, um sorriso, um olhar de reconhecimento, um convite para café, uma flor, um bilhete, uma mensagem carinhosa, um agradecimento… Meu Deus, é tão simples cuidar um pouco de quem nos rodeia. E quanto mais observamos, mais claro se torna que estamos todos a precisar destes cuidados, mas orgulhosamente continuamos a dizer: “Estou bem!” quando na verdade estamos a dizer “Eu estou a tentar aguentar-me!” … até ao dia…

Nunca como hoje tivemos tantos confortos e bens materiais e nunca como hoje tivemos tantos seres doentes emocionalmente por privação do essencial: amor, cuidado, atenção, respeito, reconhecimento, afeto, ternura… Se não nos cuidarmos, que buraco vamos continuar a cavar? Na verdade, o que estamos a fazer quando somos delicados e gentis é a plantar nos corações um calorzinho que nos permite lidar com as circunstâncias do dia-adia, por vezes tão desafiantes, com um pouco mais de leveza.

Então hoje vamos fazer a diferença, olhar para o lado, sorrir para um colega, escolher palavras bonitas, espalhar um pouco de magia….

Mónica Loureiro




 

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