Gentileza, bondade ou qualquer outro valor dentro desta
categoria deveria ser tão natural que não necessitasse de ser relembrado, nem
implicar esforço.
Ter um gesto de gentileza é tão simples, no entanto parece
que andamos a amealhá-los e a guardá-los para ocasiões “especiais”… e que
ocasiões são essas, se não o momento presente?
Há uma sensação de estranheza, de desconforto, de embaraço
na oferta de gestos de delicadeza e gentileza a desconhecidos ou pessoas que
não nos sejam tão chegadas pois há o cultivo da desconfiança, uma instigação do
medo e da necessidade de proteção como se a qualquer momento pudéssemos ser
atacados.
Quando se trata daqueles que nos são mais próximos, a
justificação já é outra. Achamos que não é preciso, afinal não vão a lado
nenhum… (será?) Ou alimentamos a crença que se tratarmos demasiado bem vamos
“estragar” ou vai abusar e “portar-se
mal” ou tornar-se muito exigente. Mais uma vez estamos a confundir acarinhar
com permitir abuso, amar com dar licença para cobrança, dar com consentir
exigência…etc
Mas não será que estamos só a arranjar desculpas para não
colocarmos atenção nos outros porque desenvolvemos um individualismo e uma
falsa independência em que nos privamos das necessidades mais básicas de
carinho, ternura, cuidado, atenção porque priorizamos outros valores,
dedicando-lhes o nosso tempo. E, no entanto, se fizermos uma avaliação,
concluímos que não nos trazem nada de significativo, só valor material que
rapidamente se torna obsoleto ou uma sobrecarga ou estatuto que de tão efémero
até parece fantasia (e é!) Prazeres transitórios e vazios de calor!
E se hoje em vez de olharmos superficialmente, víssemos
verdadeiramente o outro. E se procurássemos sentir como podemos contribuir com
um pequeno gesto de gentileza ou bondade. Uma palavra, um pouco de atenção, de
escuta ativa, um abraço, um sorriso, um olhar de reconhecimento, um convite
para café, uma flor, um bilhete, uma mensagem carinhosa, um agradecimento… Meu
Deus, é tão simples cuidar um pouco de quem nos rodeia. E quanto mais
observamos, mais claro se torna que estamos todos a precisar destes cuidados, mas
orgulhosamente continuamos a dizer: “Estou bem!” quando na verdade estamos a
dizer “Eu estou a tentar aguentar-me!” … até ao dia…
Nunca como hoje tivemos tantos confortos e bens materiais e
nunca como hoje tivemos tantos seres doentes emocionalmente por privação do
essencial: amor, cuidado, atenção, respeito, reconhecimento, afeto, ternura… Se
não nos cuidarmos, que buraco vamos continuar a cavar? Na verdade, o que
estamos a fazer quando somos delicados e gentis é a plantar nos corações um
calorzinho que nos permite lidar com as circunstâncias do dia-adia, por vezes
tão desafiantes, com um pouco mais de leveza.
Então hoje vamos fazer a diferença, olhar para o lado,
sorrir para um colega, escolher palavras bonitas, espalhar um pouco de magia….
Mónica Loureiro
❤️
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